Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo demoram para buscar tratamento

Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo demoram muito para buscar tratamento

Projeto usa flores para ajudar na reabilitação de pacientes psiquiátricos Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo podem demorar muito para buscar tratamento .

Pacientes do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP aprendem a montar arranjos florais. Com isso vivenciam momentos de bem-estar, beleza e acolhimento. Além de se qualificar para uma nova profissão

  23/03/2022 – Publicado há 9 meses  Atualizado: 31/05/2022 as 22:50

Redação

Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo podem demorar muito para buscar tratamento.  Em função disto desde outubro do ano passado, um projeto com participação de pacientes. Principalmente pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo vem trazendo beleza e alegria para os frequentadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo. A forma de trazerem beleza foi o trabalho com arranjo de flores. Em tratamento no Hospital Dia, eles vivem momentos de bem-estar e acolhimento, lidando com diversos tipos de flores e aprendendo como fazer arranjos e buquês, ao mesmo tempo que colaboram para a decoração dos ambientes do hospital.

“Não tenho dúvida de que depois de trabalhar alguns momentos com as flores a pessoa vai se sentir mais calma, mais feliz, mais alegre e vai transmitir isso para os outros”, destaca o professor Wagner Gattaz, presidente do Conselho Diretor do IPq. “A busca pela melhoria do ambiente de trabalho beneficia também os profissionais, que revertem esse benefício em cuidados aos nossos pacientes”, explica.

NOVO Projeto

Gattaz é idealizador do projeto Flores no IPq, iniciativa que recebe flores e folhagens utilizadas na decoração de grandes eventos, cerimônias e casamentos. O materila é escolhido em bom estado. E podem ter seu ciclo de vida útil prolongado, antes de serem descartadas.

Este processo tem ajudado pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo que podem demorar muito para buscar tratamento

Ele encontrou o empresário Bruno Zani, diretor da Cenográphia Projetos de Festas, e questionou sobre a destinação das flores usadas nos eventos da empresa. Descobriu que ele já doava flores para entidades como o Instituto Flor Gentil, dedicado à elaboração e entrega de arranjos em casas de repouso. Por esta razão resolverão incluir estes pacientes. Com a retomada de eventos, o IPq, foi agora incluído entre as entidades a receberem doações. “Atuo em um segmento privilegiado, com flores lindas e grandiosas. Compartilhar isso para além das festas, levando beleza e alegria a outras pessoas, me motiva e impulsiona”, ressalta Zani. Segundo ele, seus clientes também gostam de saber que as flores que fizeram parte de um momento especial de suas vidas terão um novo e feliz destino.

Escolheram pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo com excelente resultado

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Wagner Gattaz, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP e idealizador do Projeto Flores no IPq – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Para viabilizar esse trabalho com os pacientes, o IPq contou com o engajamento de profissionais como : Cristina Igue, que cuida do bem-estar ambiental do hospital, e Ana Laura Alves, do Hospital Dia Adultos, responsáveis pela logística de recebimento e distribuição.

As flores chegam em caminhões, são destinadas para os pacientes no momento da terapia ocupacional para aprenderem a fazer arranjos. Mais tarde são distribuídas pelo instituto para decoração dos ambientes. “Os pacientes portadores de transtorno obsessivo-compulsivo  também podem levar os arranjos para casa ou podem vendê-los e com essa verba é possível investir novamente na terapia ocupacional, formando um projeto que gera sustentabilidade”, explica Gattaz.

Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo

 flores, ensina paciente a elaborar arranjo – Foto: Divulgação/IPq HCFMUSP

Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo

Pacientes do IPq com os arranjos de flores montados – Foto: Divulgação/IPq HCFMUSP

Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo podem levar muito para buscar tratamento
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo podem levar muito para buscar tratamento

Paciente do Hospital Dia Adultos do IPq em atividade de venda de flores e arranjos – Foto: Divulgação/IPq HCFMUSP

Reabilitação psicossocial e nova profissão

Os pacientes que participam do projeto Flores no IPq possuem diferentes diagnósticos psiquiátricos. Já estiveram em tratamento e estão a caminho da alta hospitalar. “Eles passam a frequentar o hospital durante o dia e, à noite, eles vão para casa, o que significa que é uma hospitalização parcial que serve para reintroduzir a pessoa na vida social e profissional”, destaca Gattaz.

No caminho da reabilitação psicossocial, é a equipe de terapia ocupacional que cuida das atividades dos pacientes com as flores. Isto incluiu a aprendizagem com professores floristas, cedidos pela empresa doadora. Estes ensinaram os pacientes a cuidar das flores e a fazerem os arranjos. “Isso qualifica alguns pacientes a procurar emprego em floriculturas depois de receberem alta, porque estão aprendendo na prática uma nova profissão”, diz o professor. Ele destaca o trabalho da terapia ocupacional como fator importante para mudança de atitude do paciente frente ao mundo e, nesse caso, a inclusão de uma atividade que seja bonita, agradável e faça sentir prazer em produzir alguma coisa.

Com uma carreira reconhecida e premiada na área da psiquiatria, Gattaz afirma que novas ideias como a do projeto com flores são motivadas pela vocação de médico. “O meu papel de aliviar a dor dos meus pacientes, aliviar a dor moral, o sofrimento, a angústia, nós conseguimos de várias formas: a primeira e mais importante é por meio da ciência, com métodos e tratamentos embasados cientificamente. Mas, ao lado disso, também existe o objetivo de proporcionar bons momentos para todos”, conclui. O sucesso da atividade junto aos pacientes, somado à motivação dos profissionais e frequentadores do IPq que apreciam ou mesmo querem trabalhar com as flores são exemplos disso.

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