Nem só de Cálcio e Vitamina D vivem os ossos
Nem só de Cálcio e Vitamina D vivem os ossos
Ossos robustos e flexíveis foram essenciais à adaptação dos vertebrados à vida terrestre. Além da resiliência à locomoção contra a gravidade, o esqueleto constitui um reservatório de cálcio a ser mobilizado conforme as necessidades do organismo mas nem só de cálcio e vitamina D vivem os ossos.
Para utilizar a reserva de cálcio, os vertebrados terrestres desenvolveram sistemas endócrinos encarregados de manter o equilíbrio entre as concentrações de cálcio dentro e fora das células, como é o caso do paratormônio produzido pelas paratireoides.
Outras adaptações nutricionais e metabólicas evoluíram em resposta às pressões ambientais para a manutenção do esqueleto. São exemplos a produção de vitamina D na pele, sob a ação do sol, e algumas enzimas que dependem da influência das vitaminas D e K.
Na verdade apesar de nossos ossos parecerem imutáveis, ele está em um equilíbrio permanente entre formação e destruição. As células ósseas estão envolvidas num processo constante de morte (função dos osteoclastos) e renovação (função dos osteoblastos). Em média, renovamos o esqueleto inteiro a cada dez anos.
Em estudo publicado em 2014, Roman-Garcia e colaboradores mostraram que a deficiência de vitamina B12 afeta negativamente o desenvolvimento e a manutenção da massa óssea. Ela age como um fator adicional (cofator) para duas enzimas fundamentais no controle dos processos metabólicos requeridos pelo crescimento celular.
Nós, como todos os mamíferos, somos incapazes de sintetizar B12, dependem da ingestão de alimentos de origem animal para absorvê-la no estômago e armazená-la para a reciclagem no fígado.
Estudos mais recentes demonstraram que o déficit prolongado dessa vitamina diminui a densidade óssea.
Para avaliar os efeitos ósseos da deficiência prolongada, o grupo de Roman-Garcia criou uma linhagem de camundongos que são incapazes de absorver a vit. B12.
A primeira geração de filhotes apresentava níveis sanguíneos de B12 baixos, porém detectáveis, suficientes para proporcionar massas ósseas próximas da normalidade. Na segunda geração, entretanto, os níveis eram indetectáveis e os animais apresentavam retardo no crescimento, densidade óssea reduzida e menos osteoblastos do que seus ascendentes. Tinham ainda diminuída a quantidade de células encarregadas de formar o osso, os osteoblastos.
Essas pesquisas ajudam a esclarecer o papel da vitamina B12 no metabolismo ósseo e os mecanismos pelos quais a deficiência afeta negativamente a formação e a manutenção do esqueleto.
Novos estudos são necessários para avaliar as necessidades diárias de B12 durante a gestação, nos mais velhos e no enorme contingente de pessoas de todas as idades medicadas com os medicamentos para a gastrite (os inibidores da bomba de próton), e no refluxo gastresofágico.
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