Intolerância ao glúten em crianças

Intolerância ao glúten em crianças

Introdução

alimentação pode ser variada e gostosa
alimentação pode ser variada e gostosa

A Intolerância ao gluten em crianças ou adultos é o nome mais popular da doença celíaca (DC) é uma doença intestinal causadas por alterações no nosso sistema imunológico, causada por uma sensibilidade permanente ao glúten, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos. O glúten é uma fração proteica de grãos como trigo, aveia, cevada e centeio. Apesar de estudos recentes questionarem se a aveia é deletéria, esse alimento ainda deve ser mantido como restrição para intolerantes ao gluten que tenham um caso grave.
A incidência da DC geralmente é subestimada por ter grande variedade de apresentações clínicas, porém estudos de triagem na Europa e nos EUA mostraram que a afecção incide em 0,5% a 1% da população geral.
Manifestações clínicas
Classicamente, crianças têm, como manifestações clínicas principais, diarreia crônica, distensão abdominal, anorexia e baixo ganho de peso e estatura, podendo chegar a uma desnutrição grave caso o diagnóstico demore a ser feito. Esses sintomas iniciam-se entre 6 e 24 meses de idade, após a introdução do glúten na dieta. Alterações de humor, como irritabilidade, são comuns.
É importante lembrar que os sintomas podem começar em qualquer idade e o motivo dessa variação não é totalmente conhecido, podendo estar relacionado com a quantidade de glúten ingerido ou com a duração do aleitamento materno. Os sintomas principais em crianças mais velhas são diarreia, náusea, vômito, dor abdominal, flatulência, perda de peso e constipação. Muitos pacientes têm, como primeira manifestação, um quadro não relacionado ao trato gastrointestinal. Dentre as várias manifestações extraintestinais, as que têm maior evidência de se relacionar com a DC são dermatites,  menor desenvolvimento do esmalte da dentição permanente, osteopenia e osteoporose, baixa estatura, retardo puberal e anemia com deficiência de ferro,mas que não responde à terapia com ferro oral. Além dessas manifestações, hepatite (elevação de enzimas hepáticas), artrite e até epilepsia com calcificações occipitais foram descritas, mas com menor evidência de relação com a DC.
Enfermidades associadas
A DC associa-se com enfermidades autoimunes e não autoimunes. A evidência mais forte é de associação com diabetes mellitus tipo 1, uma vez que até 8% dos diabéticos tipo 1 têm biópsia de intestino delgado com aspecto e caracterização da doença celiaca Há também descrição de associação entre tireoidite autoimune e DC, principalmente em adultos. Entre as doenças não autoimunes, a evidência mais forte de associação é com a síndrome de Down: de 5% a 12% desses pacientes têm DC. Também já foi descrita com outras síndromes genéticas.

Quando pensar na possibilidade desta doença
É importante o diagnóstico precoce pela maor incidência de linfoma de intestino e osteoporose, em pacientes celíacos que demoram para ter o diagnóstico esclarecido, ficando muitos anos sem tratamento adequado.
Assim, os seguintes grupos de pacientes devem ser submetidos a exames de triagem para doença celíaca:
– Pacientes com sintomas sugestivos da doença
– Diabéticos tipo 1
– Indivíduos com tireoidite autoimune
– Portadores das síndromes de Down, de Turner e de Williams
– Pacientes com deficiência seletiva de IgA
– Parentes de primeiro grau de pacientes celíacos.
Esses grupos devem ser testados entre 3 e 4 anos de idade, tendo sido garantido que eles tenham recebido uma dieta contendo glúten por, pelo menos, um ano.

Tratamento
O tratamento consiste na exclusão do glúten da dieta por toda a vida. O paciente deve ser orientado a não ingerir nenhum alimento que contenha trigo, aveia, cevada e centeio.
É importante que se lembre dos alimentos que podem conter glúten “escondido”, como cremes, molhos e até comprimidos.
Apesar de a dieta parecer bastante restritiva, os celíacos podem ingerir todos os tipos de proteínas, verduras, legumes e frutas. Existem alternativas para a farinha de trigo, como as farinhas de milho, mandioca, arroz e fécula de batata.
Há também receitas alternativas, que utilizam macarrão de arroz ou de milho, além de pão de queijo e de mandioca. Enfim, apesar de necessitar de mais atenção e dedicação no preparo dos alimentos, o paciente celíaco pode ter uma alimentação adequada e bastante variada.
Acompanhamento
A melhora é rápida, com recuperação nutricional e melhora do humor e dos sintomas associados. Isso tende a estimular que pais e crianças, de maneira geral, sigam corretamente a dieta. Caso não haja melhora, deve-se pensar em duas possibilidades: ou o paciente está transgredindo a dieta ou o diagnóstico não é DC. Para monitorar a adesão à dieta, a dosagem de anticorpos é bastante útil, pois a restrição absoluta de glúten ocasiona queda progressiva em seus níveis séricos.

Na adolescência, muitos pacientes se arriscam a comer o glúten para “testar” a resposta. Alguns têm sintomas exacerbados de dor abdominal, flatulência e diarreia, o que os leva a voltar à dieta. Quando, porém, os sintomas são brandos, o adolescente pode seguir transgredindo a dieta e, nesse momento, é importante que o médico ressalte que, apesar de ele não se sentir mal, a transgressão causa lesão no intestino e, em longo prazo, ele apresentará maior possibilidade de complicações graves, como linfoma de intestino, osteoporose e infertilidade.
O acompanhamento de psicólogo, nutricionista ou um grupo de apoio são muito importantes para a aderência e a manutenção da dieta.
Convém ressaltar que o paciente celíaco que segue a dieta tem uma vida completamente normal, sem nenhum tipo de restrição.

 

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