Fome e Saciedade
capitulo primeiro
- O que estimula a ingestão de alimentos?
- O que é a fome? Como o organismo entende que é necessário comer?
- O que é a saciedade? Como o organismo interrompe a ingestão de alimentos?
A fome
Apesar do termo também conotar uma problemática social, tratarei neste artigo a fome como sendo a sensação fisiológica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades diárias de nutrientes. O ato de ingerir alimentos é causado por uma série de estímulos (ou sinais). Entre eles está à diminuição, no organismo, da quantidade de nutrientes como glicose, aminoácidos, gorduras ou mesmo a diminuição da temperatura interna. Fica claro fazer a ligação: se uma pessoa come para obter nutrientes (e energia) para o organismo, então sua falta deve levá-la a procurar o que comer.
Mas será que é preciso diminuir totalmente o estoque de nutrientes do organismo para que uma pessoa sinta fome?
A resposta é não. Na verdade, o organismo é capaz de detectar diminuições mínimas na concentração de nutrientes e, em consequência, gerar sinais que vão desencadear a ingestão de alimentos.
Mas só comemos quando temos fome? Não, a ingestão de alimentos é estimulada pela hora do dia, a visão e o cheiro dos alimentos, além de reuniões. Todos nós temos experiência de fatores emocionais, facilitação social, lembranças agradáveis ou não que afetam a nossa ingestão alimentar. Quando se come sem ter fome, os nutrientes ingeridos são além da necessidade e serão estocados em forma de gordura.
O processo inverso da fome é a saciedade e é também, causado por vários estímulos. Um deles é a distensão da parede gástrica, causada pelo armazenamento do alimento ingerido no estômago. O tempo de permanência do alimento no estômago depende mais da sua composição do que da sua quantidade. Quanto mais gordura no alimento, maior o tempo necessário para o esvaziamento gástrico.
Quando o alimento passa do estômago para o intestino, um outro sinal de saciedade é produzido, dessa vez, químico: o intestino libera um hormônio para o sangue, chamado de colecistocinina, em resposta à presença de proteínas e de gorduras no alimento que chega intestino.
Os mecanismos que acabamos de descrever se aplicam ao controle da ingestão durante ou imediatamente após uma refeição.
Existem outros mecanismos que explicam o controle da ingestão por períodos mais longos e que estão diretamente envolvidos na regulação do nosso peso.
A gordura é a forma de estoque de energia e um dos indicadores é a sua própria quantidade no corpo. O tecido gorduroso produz um hormônio chamado leptina que indica a quantidade de gordura corporal. A leptina vai para a circulação sanguínea, chega ao cérebro e inibe a ingestão de alimentos e aumenta o consumo energético do organismo.
Outro hormônio que interfere na fome/saciedade é o glucagon-like peptide 1 (GLP-1) é um hormônio produzido no ílio, porção final do intestino delgado. Ele é secretado quando o alimento chega nessa parte do intestino. Há um medicamento injetável que foi lançado para o tratamento do diabetes tipo II e que age de forma semelhante ao GLP1 e que tem proporcionado uma perda de peso bastante interessante. Seu local de ação, no caso de perda de peso é no hipotálamo, diminuído a ingestão alimentar.
Onde agem os hormônios gerados no organismo para controlar a fome e a saciedade?
Os sinais de fome e saciedade vão para o hipotálamo, uma estrutura cerebral que analisa e gera as respostas apropriadas.
O hipotálamo é um centro de processamento de informações que recebe os vários tipos de sinalizações como a concentração de nutrientes (entre eles, os níveis de glicose no sangue) ou o grau de distensão do estômago. Os níveis de hormônios como a colecistocinina (produzida pelo intestino) e a leptina (produzida pelo tecido adiposo) também são analisados. Com essas informações o hipotálamo produz comandos para a ingestão de alimento e, ainda, prepara o trato gastrointestinal para receber e processar o alimento.
Principalmente pela ação da leptina deveríamos todos manter um peso normal e isto não acontece pelo fato de que praticamente todos os obesos tem falta dos receptores que, por ação da leptina, diminuiriam nossa fome e aumentariam o dispêndio energético. Quer dizer temos um hormônio espetacular para manter o peso e ele não funciona. Milhares de dólares já foram gastos na tentativa de se corrigir esta falha no funcionamento, mas por hora não apareceu nenhuma solução.