Estresse e obesidade

hormonios na obesidade

Estresse e obesidade

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 Vivemos em uma sociedade estressante. Inúmeros fatores incluindo dificuldades econômicas, excesso de exigências no trabalho, problemas pessoais e familiares contribuem para que cada vez mais pessoas sofram cronicamente de altos níveis de estresse. Ao mesmo tempo, estamos frente a uma grande epidemia de obesidade. Como estas duas situações se relacionam?

hormonios da fome e estresse

Na evolução da nossa espécie desenvolvemos uma série de respostas frente ao estresse. Diante de predadores ou outras ameaças, o organismo respondia com alterações metabólicas que tinham por finalidade reservar energia para alimentar os músculos e deixá-los preparados para correr ou lutar. Nos tempos modernos, a grande maioria dos estressores são psicológicos, mas o corpo responde como se tais estressores fossem físicos. Isso faz com que a energia liberada não seja utilizada para a chamada “fuga ou luta” e acabe sendo armazenada na forma de gordura. De fato, uma análise de vários estudos conseguiu demonstrar claramente uma relação positiva entre estresse e ganho de peso.

Uma revisão publicada recentemente na revista Annual Review of Psychology discute um modelo que conecta o estresse com a obesidade, através de mudanças induzidas por experiências emocionais negativas em quatro esferas, que podem estar relacionadas e sofrerem influências bidirecionais. Achei bastante interessante a abordagem e trago aqui um apanhando geral desses fatores.

1- Cognição

 

a função cognitiva envolve linguagem, memória, atenção e a função executiva que nada mais é do que a capacidade de planejar e tomar decisões. No caso da regulação do peso a função executiva é fundamental para planejar a dieta ou mesmo ter um controle inibitório frente a alimentos muito recompensadores, como doces por exemplo. Pesquisas indicam que estressores psicológicos afetam a função executiva e as pessoas acabam tendo menor controle sobre a alimentação. Além disso, o estresse pode aumentar a ativação de uma região cerebral relacionada a emoções, desencadeando o chamado comer emocional que se caracteriza por uma fome de início súbito.

 

2- Comportamento

 

Foi demonstrado que o estresse interrompe o padrão de atividade da pessoa, seja pela diminuição da atividade física ou por aumento de comportamento sedentário. Uma revisão de mais de 160 pesquisas demonstrou uma associação consistente entre estresse e redução de atividade física. Um fator que contribui para isso é a privação de sono. Pessoas estressadas tendem a ter uma pior qualidade de sono, afetando a disposição para a realização de atividade física, adotando um comportamento mais sedentário. E a atividade sedentária (principalmente durante uma restrição alimentar) promove perda de musculo e diminuição do gasto metabólico basal

 

3- Fisiologia

 

O estresse crônico está associado a uma maior atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, aumentando a produção de cortisol. O cortisol é um hormônio que aumenta o apetite e reduz o metabolismo, favorecendo ganho de peso. Além disso, mudanças no sistema cerebral de recompensa já foram caracterizadas em pessoas com altos níveis de estresse, aumentado a vontade de alimentos bem calóricos, ricos em açúcar e gordura. Mais recentemente até mudança da flora intestinal para um padrão de flora mais deletéria tem sido observada em estudos experimentais.

 

4- Bioquímica

 

Alterações nos hormônios que regulam o apetite têm sido detectadas em pessoas com estresse crônico. A leptina é o principal sinalizador de saciedade enquanto que a grelina é o hormônio que aumenta a fome. O estresse afeta a ação desses hormônios, de modo a prevalecer a ação da grelina sobre a ação da leptina, contribuindo para o maior apetite.

 

Portanto, existem diversas explicações que ligam o estresse crônico com o ganho de peso. O grande desafio é como não se estressar tanto no mundo atual? Algumas atitudes são de grande importância. Uma delas é administrar bem o tempo, definindo prioridades. Não se esquecer de dedicar uma parte do tempo para realização de uma atividade prazerosa. Alguns estudos mostram também que a atividade física e meditação podem ser úteis no controle do estresse.

Estudos recentes mostram uma capacidade maior de sentir prazer e ser feliz nos indivíduos que ingerem pelo menos uma quantidade (uma xícara) de verduras e legumes. Este habito pode colaborar para diminuir o “estrago” que o estresse causa em cada um de nós.

 

Dr. Joffre Nogueira Filho

 

Endocrinologista

Nutrólogo

Procedimentos em Estética

Dr.joffre@uol.com.br

(11) 3885 5066

www.drjoffre.com.br

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Youtube.com/c/joffrenogueirafilho

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